Page 24 - sadc40port
P. 24
Caixa 1.2
“Quando é que uma guerra não é guerra?”
“Aparentemente, quando é feita pelos mais fortes contra os mais fracos, como um
'ataque preventivo'”, escreveu Mwalimu Nyerere no prefácio de um livro sobre
Engajamento Destrutivo: África Austral em Guerra, oferecendo “com grande humildade,
os meus parabéns e os meus bons votos a todos os povos e governos dos Estados
vítimas. Eles mantiveram o farol da liberdade aceso pela sua resistência, sua coragem
e seu compromisso absoluto com a libertação da África. Eu os saúdo.”
Evidências circunstanciais consideráveis sobre a queda do avião, incluindo o registo
de conversas na cabine e as flutuações registadas em instrumentos e um outro avião que
sobrevoava a zona, bem como o comportamento dos militares sul-africanos já baseados
perto do local do acidente, as investigações e os testemunhos posteriores, sugerem que
o avião foi atraído para fora da rota por um farol falso colocado para esse fim. O
Presidente Machel e outras 33 pessoas morreram no acidente, incluindo alguns dos seus
principais conselheiros, e é um crédito para os pilotos que 14 pessoas sobreviveram,
embora tenham sido consideradas mortas pelos soldados do apartheid que vasculharam
os destroços em busca de documentos, ignorando os mortos e feridos.
Os pactos de não agressão assinados pela África do Sul com Angola, Moçambique
Presidente Samora Machel de Moçambique e a então Swazilândia (Eswatini) no início dos anos 1980 não foram implementados,
levando a esta decisão das autoridades do apartheid, porquanto a África do Sul se tornava
cada vez mais ingovernável, de que o Presidente Machel, que foi era um herói nos townships,
devia ser removido definitivamente. A África do Sul já havia tentado assassiná-lo antes e isso
foi anunciado várias vezes antes, mostrando o erro de cálculo de que a morte de uma única
14 pessoa, incluindo um Presidente, poderia impedir a libertação da Namíbia e da África do
Sul. Em vez disso, a sua morte foi uma inspiração para uma maior acção.
A guerra dentro da África do Sul mergulhou toda a região da África Austral ... Sem acabar com o apart
heid não haverá paz na região e no mundo inteiro. Rev. Frank Chikane, Desestabilização da África do Sul
da Região da África Austral
Nesse caldeirão fumegante, a SADCC nasceu e cresceu. Este é o estado da região durante
a década que se seguiu à Declaração de Lusaka da SADCC África Austral: Rumo à
Libertação Económica. Mesmo enquanto se transformava de conferência de coordenação em
comunidade de desenvolvimento, como Comunidade de Desenvolvimento da África Austral
(SADC), em 1992, enquanto a região comemorava a vitória sobre o apartheid na Namíbia, o ar
continuava aguçado com o som da batalha que havia ocorrido no sul de Angola, mas não só, a
destruição também atingiu as zonas rurais e as capitais do Botswana, Lesoto, Moçambique,
Namíbia, Eswatini, Zâmbia e Zimbabwe.
A apresentação deste detalhe destina-se a ilustrar o que foi alcançado, o quão longe a
SADC avançou desde o seu início ardente e como a região desempenhou um papel fundamental
ao se unir aos sul-africanos na retirada do apartheid do poder político.
África Austral: Rumo à Libertação Económica ainda é um trabalho em curso.
1.3 A Conferência de Coordenação para o Desenvolvimento da África Austral
O conceito da SADCC foi discutido em Gaberone, no Botswana, em Maio de 1979, quando os
Ministros das Relações Exteriores dos cinco Estados da Linha da Frente se reuniram para discutir
a cooperação económica. Eles concordaram em convocar uma conferência internacional em
Arusha, na Tanzânia, em Julho de 1979, com representantes de instituições e agências de
desenvolvimento, governos e doadores. Esta conferência histórica reuniu pela primeira vez governos
e agências de todas as partes do mundo para discutir a cooperação regional na África Austral.