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1.3.3    Estratégias e Decisões da SADCC
                  A conquista da governação democrática na Namíbia (1990) e na África do Sul (1994)
                  marcou uma mudança no foco para o desenvolvimento económico e para a integração
                  regional. Esta independência política foi alcançada através do apoio directo dos Estados
                  membros que forneceram apoio material e refúgio nos seus países e apoio diplomático para
                  fazer pressão junto da comunidade internacional para esta tomar medidas resolutas para
                  impedir a agressão sul-africana e desmantelar o apartheid.
                      Os líderes fundadores consideraram a SADCC como uma ferramenta e um processo
                  conducente à coordenação de esforços e ao estímulo do crescimento económico em toda
                  a África Austral. Daí constituir uma plataforma para lutar pelo avanço económico, reduzir
                  a dependência da África do Sul e salvaguardar a liberdade política.
                      Na criação de economias sustentáveis, a Cimeira da SADCC de 1981, realizada no
                  Zimbabwe,  observou  a  ratificação  pelos  membros  da  Convenção  da  Comissão  de
                  Transportes e Comunicações da África Austral (SATCC). A Comissão foi encarregada de
                  facilitar a coordenação entre os Estados Membros da SADCC do funcionamento dos
                  sistemas de transporte da região. Este foi um passo vital para garantir a promoção da
                  operação de infra-estruturas eficientes e totalmente integradas na região.
                      A SADCC estabeleceu centros nacionais conhecidos como unidades de coordenação
                  sectorial,  e  os  Estados  Membros  tinham  a  responsabilidade  de  acolher  e  coordenar
                  diferentes  sectores,  como  pesquisa  agrícola,  energia  e  indústria,  dependendo  da  sua
                  vantagem comparativa nos sectores, numa tentativa de alcançar a segurança alimentar, o
                  desenvolvimento de infra-estruturas de transporte e comunicações e, em última análise,
                  acabar com a dependência.
                      O estabelecimento da SADCC conferiu aos Estados Membros uma plataforma para             19
                  organizar e gerir o desenvolvimento regional de uma forma coordenada, em conjunto, com
                  base no benefício mútuo, em prol de um futuro comum. A segunda Cimeira também
                  aprovou o estabelecimento de um Secretariado, que iria preparar reuniões e planos, e
                  assegurar a continuidade nas deliberações da SADCC. O Secretariado foi criado em
                  Gaberone, no Botswana, em 1982, com a responsabilidade de supervisionar a concepção
                  e a implementação de vários projectos regionais.
                      Eram realizadas conferências consultivas anuais para a coordenação com agências de
                  financiamento,  e  a  abordagem  da  SADCC  na  cooperação  regional  era  baseada  em
                  projectos para tratar de questões nacionais através de uma acção regional, com os Estados
                  Membros  a  manter  a  responsabilidade  pela  gestão  dos  projectos  numa  estrutura
                  descentralizada. A discussão a nível regional era estimulada através da apresentação de
                  documentos temáticos prospectivos e o Secretariado coordenava as posições regionais sobre
                  questões de maior preocupação para os membros.
                      A SADCC conseguiu promover a solidariedade, a paz e a segurança na região em
                  face do poderio económico e militar do apartheid, e fortaleceu as relações históricas
                  existentes entre os Estados Membros em prol de uma paz sustentável e segurança mútua.
                  Um desafio significativo que ainda é enfrentado é a complexidade de criar uma economia
                  regional auto-sustentável devido à natureza divisionista do legado das fronteiras coloniais.
                      À medida que se avançava, tornou-se necessário situar a coordenação baseada em
                  projectos dentro de estruturas e estratégias específicas sectoriais, vinculando os objectivos
                  da Declaração de Lusaka a actividades específicas a nível regional e nacional como base
                  para a definição de prioridades e avaliação. “A abordagem de coordenação sectorial
                  destacou a necessidade de construir a auto-suficiência colectiva e a confiança mútua, e foi
                  nesta base que a organização evoluiu ao longo dos anos”.
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