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Reduzir a dependência económica, especialmente, mas não apenas da África do Sul
                  do apartheid, era um dos objectivos gerais e factor de motivação para a formação da SADC.
                  Será que a SADC teve sucesso na criação de novas rotas alternativas de transporte viáveis? O
                  desenvolvimento de infra-estruturas é um processo de longo prazo, pois os projectos neste
                  sector geralmente requerem quantias substanciais de dinheiro e geralmente têm um longo
                  período de gestação. Houve alguns ganhos, mas ainda há muito a fazer.
                        Citam-se como exemplo a expansão do porto de Walvis Bay e os esforços em curso de
                  desenvolvimento de portos em Moçambique, bem como o desenvolvimento de estradas,
                  ferrovias e oleodutos de combustível sem descontinuidades no Zimbabwe e no Botswana, que
                  ligarão, eventualmente, a costa leste à costa oeste, fornecendo opções para os países do interior
                  da região. Um roteiro ambicioso para abordar o défice de infra-estruturas na região foi
                  colocado em prática com a aprovação do Plano Director Regional de Desenvolvimento de
                  Infra-estruturas, em Maputo, em 2012. Menos de três anos depois, em 2015, a SADC fez a
                  revisão das suas prioridades para se concentrar no desenvolvimento industrial, construindo
                  gradualmente o futuro através de um plano de desenvolvimento moderno e integrado rumo
                  à prosperidade no século XXI.
                        Institucionalmente, a organização tinha uma estrutura pouco sólida na sua fase de
                  formação, com um quadro jurídico não vinculativo, enquanto as suas instituições estavam
                  amplamente descentralizadas entre os Estados Membros, uma vez que a cada um tinha sido
                  atribuída a responsabilidade pelo desenvolvimento de um determinado sector, sem conferir
                  poder a um órgão centralizado. Assim, os sectores eram alocados aos Estados Membros, cada
                  um acolhendo uma Unidade de Coordenação Sectorial. Esses sectores foram responsáveis
                  por orientar as políticas e os programas regionais.
                        Um ano após a formação da SADCC, a instituição foi formalizada através de um
                  Memorando de Entendimento sobre as Instituições da Conferência de Coordenação para o        143
                  Desenvolvimento da África Austral, datado de 20 de Julho de 1981. O Artigo 1º (a-e) do
                  Memorando de Entendimento que estabelece a SADCC criou a estrutura de governação,
                  compreendendo uma Cimeira, o Conselho de Ministros, Comissões Setoriais, o Comité
                  Permanente de Altos Funcionários e um Secretariado. Esta era uma estrutura descentralizada
                  baseada num nível mínimo de mecanismo institucional. A estrutura central simplificada
                  significava  que  os  Estados  Membros  tinham  de  arcar  com  os  encargos  financeiros  da
                  implementação das decisões em matéria de políticas, através da coordenação de determinados
                  sectores.
                        A transformação da SADCC em Comunidade de Desenvolvimento da África Austral
                  (SADC), através do Tratado e da Declaração da SADC de 1992 deu ao organismo uma nova
                  estrutura legal com uma obrigação vinculativa de implementar acordos regionais, enquanto
                  foram criadas novas organizações sectoriais específicas para supervisionar a implementação
                  das políticas e programas acordados. Com a independência da Namíbia, em 1990, e a
                  mudança da maré contra o apartheid na África do Sul, o Tratado da SADC de 1992 trouxe
                  consigo  uma  mudança  na  inclinação  ideológica  baseada  na  promoção  de  uma  maior
                  interdependência entre os Estados Membros com o objectivo final de aprofundar a integração
                  regional.
                        Embora a SADCC tenha sido transformada em SADC em 1992, uma avaliação do
                  órgão regional revela que a estrutura institucional permaneceu praticamente inalterada. Este
                  estado de coisas fez com que o órgão regional e as suas instituições fossem menos eficazes na
                  condução da agenda de integração regional. Esta constatação conduziu a um processo de
                  reforma institucional que combinou os sectores e comissões anteriormente baseados a nível
                  nacional em seis Direcções, que desde então foram reorganizadas em 10 Direcções e oito
                  Unidades autónomas, conforme está previsto no Artigo 15º (4 e 5) do Tratado da SADC. O
                  objectivo da reestruturação era aumentar a eficácia e a eficiência da coordenação e do
                  monitoramento da implementação.
                        A transformação de 1992 não trouxe apenas um novo quadro jurídico, mas também
                  uma mudança institucional, através do Tratado e da Declaração. A partir de 2000, a SADC
                  empreendeu  um  exercício  de  reestruturação  das  suas  instituições  e,  numa  Cimeira
                  Extraordinária realizada em 9 de Março de 2001, em Windhoek, na Namíbia, a Emenda ao
                  Tratado da SADC (2001) foi adoptada para dar força legal às reformas. As reformas
                  estabeleceram oito instituições, nos termos do disposto no Artigo 9º da Emenda ao Tratado,
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